Sejam bem-vindos ao
"Fantástico mundo da Oakley"
Autora: Fernanda Souza @correrua_
Fundada por Jim Jannard em 1975, não é nenhuma novidade que a marca norte-americana Oakley é famosa mundo afora, sendo um artigo esportivo ou casual muito usado. Mas, certamente de todo lugares possíveis os quais você pesquisar só tem uma cultura onde o item para além de roupas, como um colete(conhecido como AP Vest), Umbrella, touca Medusa Hat e outros, viraram 100% peça cultural como acessório de moda: Brasil, São Paulo. Há negação por parte da marca porque existe uma rejeição ao público, o mesmo capaz de fazer a subversão de valores com novos conceitos criados, mostrando o que há de mais orgânico e original, sem pedir licença.
Pouca coisa de fato se fala e explica bem o rolê da Oakley no Brasil, sobretudo na cena de São Paulo, responsável por criar uma nova identidade para o uso das roupas e acessórios da marca. Desinformações que quando não ignoram identidades por discriminação, quase sempre levam para um caminho do ‘’mais do mesmo’’, usando uma lupa ‘’juju’’ para representar toda uma cena ou associar somente o produto ao funk. Não que não seja uma realidade, porém existe um universo com costumes e tradições, as quais apontam para as festas eletrônicas.
Não se sabe a data exata por falta de documentação, mas por alguns vídeos e fotos antigas do ano de 2003 a galera colecionadora costuma datar o surgimento da inserção das peças no meio das festas eletrônica(as raves), as quais os adeptos usavam tanto por estilo mas também por uma questão de conforto. Um exemplo é o coturno Assault confortável para o tempo que se passa em pé nos eventos ou condições do tipo de chão dos locais, normalmente terrosos. Aliás, esse modelo de raramente seria encontrado em um baile funk, enquanto na rave é comum, sempre com a calça para dentro do calçado.
https://www.youtube.com/watch?v=Y0rXxiloRas&ab_channel=PlanetUndergroundClubber
Paralelamente, no funk também há uma grande expressão e uso dos artigos, principalmente os óculos. Inclusive, no ano de 2010 é notável encontrar inúmeras músicas dedicadas inteiramente a falar da marca, grupos de venda e troca ou ainda, os nomes no facebook dos usuários com o sobrenome de Jannard. Se quiser ouvir as músicas, basta dar uma busca em MC Bonado part Juninho JR, Desfile da Oakley; MC Pikeno e MC Menor, Bonde da Oakley; Mc Ruzika, Oakley Elite; MC Kel, Fantástico mundo da Oakley e outros. Os vídeos não tem clipes com direções elaboradas, mas sim montagens com fotos das peças.
Ainda, no funk, tem MC 's que são colecionadores, falando em letras do produto ou usando por gosto e ostentação. É o caso do MC Dede(Mlk do Kit), o qual faz menção ou escreve letras inteiras dedicadas ao BDO(Bonde da Oakley). Sem contar na galera referência em vender ou reformar as relíquias como o Nenê Raridades, um dos precursores no ramo de troca e venda dos itens, aliás sempre mencionado pelo MC Dede. Também, Rogerinho Original, nome conhecido por vender para os MCs produtos originais e pouco encontrados por aí.
https://www.instagram.com/p/CRp_wiBgmyw/
E a fusão?
A originalidade não está somente em adaptar o uso dos itens, já que por exemplo dizem que touca da Medusa foi criada para ser usada em Snowboarding, mas também na fusão entre subculturas porque alguns ‘Bondes da Oakley’ tanto colavam em rave quanto curtiam funk. Isso fica evidente principalmente no bailão(festas de funks nas periferias) por meio das Umbrellas. Curiosamente, especula-se que a produção desses guarda-chuvas foi um lançamento de terceirização da empresa
No meio disso tudo, nasce junto do conceito de ostentação por intermédio de quem porta relíquia e a valorização do original. Vale lembrar que diferentemente da rave onde a galera costuma se trajar toda de Oakley, no funk o pessoal mescla outras marcas como Quiksilver e Lacoste. Além das Umbrellas, hoje entre o público funkeiro é possível ver a valorização do AP Vest(colete), da Dart para as meninas(óculos), as linhas X-metal(óculos) e a Flak(um tipo de tênis) originais ou não, pois muitas pessoas não têm condições de comprar uma relíquia por conta de uma desigualdade social.
[subtítulo] Papo de relíquias e raridades?
‘’No caso da Medusa, só a touca é na faixa de R $6.000,00 reais sem o Goggles(óculos). Isso varia muito de acordo com o estado da touca, ainda mais a rara de 31 dreads, pois não foram feitas muitas. É esse preço porque a Oakley não fabrica mais.’’, afirma Danilo Barbosa, um colecionador e pertencente à cultura.
Para quem ainda não entendeu, relíquia ou raridade são termos usados para especificar um item(caro por si só)muito valioso, pois não é mais fabricado por ter saído de linha ou ser uma edição limitada. Assim, o indivíduo portador daquele kit é detentor de uma raridade, daí a explicação dos preços nas alturas. É o caso da Medusa, como explicou Danilo Barbosa, mas que também rola com outros artigos como um jaco de frio Avalanche de edições antigas. ‘’Uma Medusa pode chegar a 20.000,00’’, declara Rogerinho Orginal, vendedor de relíquias.
Existem alguns modelos de Assault, e um deles considerado relíquia é um lançamento de 2002 da primeira geração o qual custa em média R$ 1500,00(se encontrar para venda), ASSAULT BOOT. Uma espécie de bota de assalto para combate, desenvolvida primeiramente a pedido do exército americano, para ser utilizada pela Força Especial de Elite (Elite Special Force). Ainda, as edições especiais de camisetas e bermudas como a do surfista Adriano de Souza patrocinado pelo Oakley , conhecidas como ADS. Em média hoje de R $1500,00.
“Pra mim o que despertou o uso da “OTT” é exclusividade. Na verdade, a maioria da galera que opta por Oakley no geral preza por ter algo único.”, comenta Yasmim Carvalho uma colecionadora e amante dos produtos. “OTT” é a abreviação de “Over The Top”, um óculos visto pela primeira vez nas Olimpíadas de Sydney(2000) por meio do corredor Ato Boldon, conhecido por ousar em suas ações, usando o modelo nos 100 metros masculinos. Com uma estética que lembra alienígenas, hoje esse item está cerca de R$ 3,000,00.
Se o assunto for a lupa, talvez o artigo mais mencionado, é importante falar da paixão pela linha da família X-metal, de vários modelos, informação importante para as pessoas que desconhecem não chamarem todos óculos de Juliet. Entre elas estão Romeo 1.0 (1997), Mars(1998), Juliet(1999), X Metal XX , também conhecida como Double X no Brasil (1999), Penny(2001), Romeo 2.0(2004), Half-X(2008) e X-Squared (2009). Além do mais, é importante explicar as variedades de armações como a 24k, Carbon, Copper, Plasma, Polished, Polished Carbon, Ti02, Titanium ou X-Metal e também as de lentes em Gold Iridium, Ruby Iridium, Black Iridium, Slate Iridium e segue a lista.
Enfim, existem tantos outros modelos e edições especiais de óculos, bem como é possível falar de outros artigos como as toucas russas, luvas, cintos, relógios, moletons, jacos e afins. Sem contar nas embalagens, caixas e outros que a marca oferece com um design chamativo, mas também resistente para o cuidado do produto. Isso tudo para provar que o fantástico mundo da Oakley é no Brasil, principalmente porque grandes colecionadores e até mesmo textos internacionais consideram que o maior acervo de relíquia da marca estão concentradas em solo brasileiro, principalmente as Medusas Hats.















